Um sangue divino derramado em uma fossa exuberaria uma fonte de ouro imperial por todo terreno que ousasse escorrer. O contraste seria esplêndido, mas não as consequências que o derramamento do líquido viscoso, tal qual portaria imensurável poder, ocasionaria a outros seres não-celestiais. Se observássemos a história de Lissand a comparando com a metáfora de sangue primordial, veríamos que os caminhos da vida, por mais que incrivelmente alinhados fossem, ainda dariam procedência ao caos, à guerra e à morte. Foi assim desde o nascimento da prole de Invidia com um soldado mortal búlgaro, Viktor Nikolaevna Ianova. Lissand não caíra nos planos de seu pai, que tampouco fez questão de demonstrar o contrário nos primeiros dias de vida da sua primogênita. De tanta amargura que a solidão o consolidou, era de se esperar que um homem apaixonado por uma deusa romana sucumbisse à loucura cedo ou tarde.
Com essa relação causal, Lissand, que mantinha o sobrenome búlgaro de seu pai, permaneceu por dias tendo o mínimo de acesso básico para sobreviver. Não era amamentada, não sentia os calorosos raios do sol tocar a sua pele e muito menos podia se alojar em algum espaço higiênico com o intuito de descansar. A semideusa permaneceu por três dias ingerindo fruto algum, salivando por um pouco de líquido a fim de saciar a sua sede. A razão para essa atípica ocorrência foi de seu pai abandoná-la para confinar em solo guerreiro ao sul da Bulgária, abandonando-a em Sófia com apenas restos de comida que de forma alguma estariam ao seu alcance. O choro rasgado de Lissand poderia ser ouvido por qualquer um que estivesse próximo da residência se não fosse isolada da área urbana de Sófia, capital da Bulgária. Um feixe de esperança, no entanto, surgira quando uma cigana passara ali por perto e escutara o incessante choro da semideusa faminta que ali residia.
O instinto materno da cigana, cujo nome era "Mãe S.", levou consigo a menina, que agora não teria mais a mesma dificuldade de ter suas necessidades básicas saciadas. Logo, a mais velha e Lissand se mudaram para a Rússia, mais precisamente na Ilha Olkhon. O lugar era ameno e habitável, muito embora houvessem poucos habitantes vivendo na região, tendo como a maioria deles povos indígenas. A partir de sua vivência em solo russo, tudo mudara, inclusive seu nome. A cigana havia guardado grande parte dos documentos da jovem para antecipar sua morada ao país, que anterior à Guerra Fria liderava a URSS. Portanto, Lissand Nikolaevna Ianova agora era Lissand Nikolaevich Ivanoff. E não somente o nome tivera uma alteração significativa, mas seus hábitos também seriam direcionados aos de costumes simples, deveras coercitivos com a condição de vida que teria a partir de então.
Ambas se isolavam a maior parte do tempo para que pudessem ter maior relação com a natureza, desenferrujando os cinco sentidos e poderem ter plena percepção do que as rodeava. Devido à escassa condição financeira, abrigaram-se em uma das clareiras da Ilha, necessitando caçar para comer, buscar materiais para montar o vosso forte, ampliar conhecimentos naturais para poderem se virar em questão de saúde e, de vez em quando, ir até a cidade grande para comprar o que era necessário, já que a cigana de vez em quando exercia o papel de cartomante pela Ilha. Com essa rotina diária, Lissand aprendeu a caçar, mergulhar para pescar peixes em águas profundas, saltar e escalar em árvores. Foram treze anos à maneira. O que ela não premeditava era que um incidente do futuro faria sua vida ter uma drástica reviravolta. Havia segredos que conduziriam uma poderosa influência à Ivanoff.
Quais seriam os seus próximos passos?
Aguarde e os verá.
{Continuação da trama AQUI!}
A força de uma guerreira implica demasiadamente no olhar que as pessoas têm sobre a própria. Não precisava pensar mais do que duas vezes para imaginar que Lissand, uma búlgara naturalizada na Rússia, portava tamanha essência. Seus olhos de cor avelã feito o vasto amanhecer eram coincidentemente marcados por um olhar crítico, não muito distante do de sua Mãe. A pele bronzeada e uniforme davam contraste à semideusa, vide que na Europa era costumeiro pessoas de pele demasiadamente branca ao invés do bronze. Os lábios carnudos e naturalmente rosados eram o receptáculo da sua beleza; o que se enxergava infelizmente não era congruente ao que se recepcionava – digamos que Lissand costumava proferir palavras não muito amigáveis na maior parte do tempo, concluindo não poder julgar o livro apenas pela sua capa.
O temperamento da filha de Invidia não era nem um pouco invejável; tinha um olhar duvidoso sobre qualquer pessoa ou história narrada, demonstrando igualmente um pavio curto para com outros indivíduos que não tivessem um raciocínio rápido como o seu. É amante de CDs antigos e de culinária asiática, e talvez possamos acrescentar ser uma dançarina profissional de street dance, o que para a jovem era a fórmula perfeita para tornar o seu dia isento de estresse e frustração. No entanto, ousamos alegar que por trás da carcaça de mulher agressiva, havia uma psiquê solidária e gentil escondida, principalmente com animais que eram os únicos a receber total respeito e empatia pela jovem búlgara. | | | FULL NAME: | | LISSAND YELENA NIKOLAEVICH IVANOFF | | BIRTHDAY: | | DOZE DE DEZEMBRO DE 2000 | | GROUP: | | FILHA DE INVIDIA | | POSITIONS: | — LEGIONÁRIA;
— I COORTE. |
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